sexta-feira, 12 de abril de 2013

Explorando o Roteiro do Documentário - PARTE 1 de 2


Como já foi dito em post anterior nossas transcrições vão servir como base de roteiro para o documentário e deve ter muita gente se perguntando qual é a lógica de ter um roteiro na pós-produção, quando o “normal” é na pré-produção, durante a gestação do projeto. Bom, essa noção de que o roteiro, obrigatoriamente, deve ser feito antes das filmagens vem do filme de ficção, junto com essa noção forma-se outro conceito para o documentário, de que sua criação é de “cinema de guerrilha”, com uma ideia na cabeça e uma câmera na mão se pode fazer qualquer documentário e hoje veremos que não é bem assim. O roteiro documental é uma escrita em aberto, muitas vezes leva todas as fases de produção para ser concluído. Nessa parte I falaremos um pouquinho sobre a construção histórica desses conceitos.


Lá pra 1905, no comecinho do cinema, os filmes começaram a se transformar de curtas para longas-metragem, como também estavam saindo da experimentação e da simples amostragem de imagens que se mexem, para construir uma narrativa, engatinhava para fora dos teatros de variedades para se tornar a sétima arte. Com todas essas mudanças e crescimentos começam a exigir um planejamento mais amplo e nasce o embrião do roteiro cinematográfico, que foi baseado no texto teatral.

Um cinematográfo

Foi também por essa época que o cinema começa a ser visto para além da experimentação, da arte e da curiosidade e começa a ser visto como produto cultural, ou seja, um produto econômico, um bem vendável, logo o roteiro começa a ser escrito levando em conta os custos e lucros do produto final. Como em um roteiro mais fechado é mais fácil de identificar se o filme depois de pronto dará mais lucro do que custo, a ficção começou a dominar o mercado cinematográfico. E criou-se um mito de que o documentário não precisa de organização prévia, de que o documentário existe sem a pré-produção e que, por não conseguir se prever economicamente, não faz parte do cinema lucrativo-industrializado. Como resultado temos hoje uma construção cultural de que o cinema de ficção é “melhor” do que o documental, pois os grandes estúdios raramente se interessam por documentários.

Georges Méliès, o pai da ficção no cinema com seu filme
mais famoso "Viagem à lua"


por Lara Buitron.

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